sábado, 19 de abril de 2008

Gavril e o medo

A dor vem não sei de onde. Quero dizer, imagino até, mas não entendo, pois parece sempre fabricada dentro de mim. Cresce sem motivo, mesmo quando tudo está bem, aparentemente. Talvez até mais quando tudo está bem, como se, por uma questão de equilíbrio cósmico, algo deve estar errado.

É o medo. Esse nó que aperta bem no meio do peito, entre os seios, diante de simples possibilidades, mas não diante de ameaça de perigo real (que foram raras até agora). Medo, principalmente de que descubram que debaixo da minha aparência plácida e altiva, tem algo de sombrio, de pouco nobre, de pequeno.

Ao mesmo tempo, me dói que as coisas não saem de dentro de mim, ficam presas, acumulando, colidindo entre si, confundindo tudo. No final, o que é figura vira fundo. O entulho faz com que o que realmente importa fique mascardo por trás de tudo o que não foi dito.

Me dói que a minha dor seja frívola diante do sofrimento genuíno do mundo.